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Foto Novo estudo identifica factores comuns em ataques fatais de cães

No mês passado, a revista científica Journal of the American Veterinary Association publicou um estudo em que foram identificados pontos em comuns em casos de ataques caninos mortais. Este estudo destaca-se por ser um dos mais completos desde que se começou a estudar este tópico, nos anos 70.

Os cinco investigadores do National Canine Research Council que conduziram este estudo, em vez de se basearem meramente na informação relatada pelos media, como se fez em estudos passados, utilizaram relatórios de detectives de homicídio e de agências de controlo animal assim como entrevistas a polícias envolvidos nos casos. Foram analisados casos desde o ano 2000 até 2009.

Após a compilação dos casos, os investigadores verificaram que a informação que possuíam não era a mesma a ser divulgada pelos media e que, por diversas vezes, os media chegavam a divulgar ao público erros factuais. Por exemplo, a raça dada como responsável pelo ataque não correspondia com as informações presentes nos relatórios policiais.

Em apenas 45 casos (18 %) do estudo, os investigadores conseguiram determinar qual a raça dos cães. Destes 45 casos, foram identificadas 20 raças diferentes e duas misturas de raças.

Em 90 % dos casos, os cães descritos nos ataques eram categorizados como sendo de uma determinada raça específica em pelo menos uma reportagem do caso.

Os investigadores identificaram 7 factores recorrentes nos ataques caninos mortais:

  • Em 87,1 % dos casos não estava ninguém presente com força suficiente para conseguir impedir o ataque;
  • Em 85,2 % dos casos a vítima não tinha qualquer relação com o cão;
  • Em 84,4 % dos casos os animais não estavam esterilizados;
  • Em 77,4 % dos casos a vítima não tinha capacidade para interagir com o animal ou devido à  idade ou à condição física;
  • Em 76,2 % dos casos os cães eram mantidos no “quintal” e não eram tratados como verdadeiros animais de companhia;
  • Em 37,5 % dos casos o dono não tratava correctamente do cão;
  • Em 21,1 % dos casos o dono abusava ou negligenciava o cão.

Em 80,5 % dos ataques mortais estavam presentes quatros ou mais factores dos listados acima, sendo que a raça não fazia parte desses factores.

As conclusões do estudo apontam que, na maioria dos casos, os problemas de relacionamento e a incapacidade do dono de compreender o comportamento canino são os factores que provocam os acidentes e não são provocados por raças específicas que supostamente teriam uma predisposição à agressividade.

O estudo indica que a tendência para evitar/minimizar os ataques de cães deve passar por uma abordagem multivariada focada essencialmente em:

  1. Educação do dono e de como este deve lidar adequadamente com o animal.
  2. Melhor compreensão do comportamento canino;
  3. Educação dos pais e crianças em relação a segurança quando convivem com um cão;
  4. Reforço consistente de cães potencialmente perigosos e donos irresponsáveis.

Este estudo e a metodologia nele aplicada é uma excelente oportunidade para os legisladores, físicos, jornalistas ou qualquer outra pessoa preocupada com os ataques caninos desenvolverem o seu conhecimento acerca da natureza multivariável deste tipo de acidentes.

Fonte: National Canine Research Council