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Foto Hospitais veterinários públicos no Brasil

Com pouco mais de um ano de funcionamento, o primeiro hospital veterinário público do Brasil, localizado na zona leste de São Paulo, já atendeu mais de 12 mil animais desde que foi criado. Apesar de impressionante, o número não é suficiente para dar conta de toda a procura da capital paulista, fazendo com que se formem filas desde madrugada.

Todos os dias da semana, por volta das 5 da manhã, dezenas de pessoas começam a formar fila na porta de um prédio de dois andares no distrito de Tatuapé, aguardando a abertura do local com os seus animais doentes ao colo. Tem sido sempre assim desde Julho do ano passado, quando foi inaugurado o primeiro hospital público da cidade. O “SUS” animal, como é apelidado pelos brasileiros, atende das 7 às 19 horas e já sofre de um problema bem conhecido dos hospitais públicos convencionais: recebe uma procura maior do que as suas capacidades operacionais.

De acordo com a revista G1, o hospital conta com 60 veterinários, com capacidade para atender até 30 animais por dia (cães e gatos) e realiza exames, cirurgias, medicação e até odontologia, tudo de forma gratuita. O hospital tem também serviço de internamento com capacidade para catorze animais contando com a presença de uma veterinária 24 horas por dia.

Considerando que alguns destes tratamentos podem passar dos R$2.000,00 (ca 660 euros) este hospital é uma óptima oportunidade de ajudar pessoas com baixo rendimentos. É o caso da desempregada Cibele Crepaldi que chegou de madrugada ao hospital acompanhada da sua cadela Vivi, de 14 anos. “A Vivi tem um cancro de mama e não posso pagar a operação”, contou Cibele à revista paulista vejaSãoPaulo. “Por isso, cheguei cedo para tentar salvá-la.”

Renato Tartalia, director administrativo da unidade, contou à revista paulista que o projecto ganhou forma quando o vereador e ambientalista Roberto Tripoli aprovou uma emenda de 10 milhões de reais (ca. 3,3 milhões de euros) para tirar o projecto do papel. “Era uma antiga reivindicação dos movimentos ligados à protecção dos animais”, afirma ele.

O hospital é administrado pela Associação Nacional de Clínicos Veterinários (Anclipeva), que recebe uma verba mensal de R$ 600 mil (ca. 200 mil euros) da câmara para a manutenção do local. Esta associação é também responsável por garantir a eficácia do serviço e fá-lo através de uma triagem rigorosa na recepção. “Faço perguntas sobre casa, salário e meio de transporte e, se desconfio de algo, solicito uma visita domiciliar”, conta a assistente social Cristiane de Sousa, que actua para que sejam atendidos apenas paulistas com baixa rendimento. “Rejeito cerca de três pessoas por dia”, acrescenta ela.

Devido ao sucesso do modelo, a cidade vai inaugurar o segundo hospital já no semestre de 2014 na zona norte de acordo com as previsões divulgadas pelo presidente da câmara. “O novo centro espera oferecer mais especialidades e serviço ambulatório para transportar os pacientes que precisam de fazer exames mais complexos do Hospital de Santana para a unidade do Tatuapé, já que o novo centro não terá todos os equipamentos necessários devido ao elevado custo. Mas os bichinhos farão o tratamento completo!” afirma Tripoli.

Veja a reportagem em vídeo da tvcamaras:

 

Fontes: Exame.com, G1, vejaSãoPaulo