Registo
Foto A história de um cão acorrentado

A seguinte história foi reportada por Lori Jo Oswald da Alaskastop, para a organização Unchainyourdog.

O Donovan (ou Don, como lhe iremos chamar) era apenas um cão, sem nada de especial: nunca salvou uma criança, nunca ladrou quando alguma casa estava a ser incendiada e salvou a família inteira, nunca ganhou um concurso de beleza. Os seus donos eram também uma família bastante comum: uma família nova com duas crianças e alguns gatos.

Há catorze anos atrás, os donos decidiram arranjar um cão, pois "seria uma experiência divertida para as crianças", diziam eles. Um dia, talvez à saída do supermercado ou talvez na secção de animais do jornal, encontraram o Don e trouxeram-no para casa.

No início, as crianças estavam entusiasmadas. Brincavam com o pequeno cão arraçado de Beagle no jardim atirando paus para ele ir buscar e até discutiam para ver quem é que o alimentava. No entanto, à medida que o verão avançava, as crianças começaram a discutir sobre quem é que o tinha de alimentar.

O pai construiu uma pequena casa para o Don, levou-o lá para fora e acorrentou-o à casota. Tanto o pai como a mãe concordaram que o Don ficaria bem lá fora e eles não teriam de se preocupar em ter pêlos de cão espalhados pela casa.

Nunca conheci o Don. Fui uma vez a esta casa, mas nessa altura não sabia da sua existência - porque ele estava confinado ao exterior. Disseram-me que as crianças não tinham bem a certeza se a última vez que o tinham passeado tinha sido no ano passado ou no ano anterior. O Don vivia preso a uma corrente de 1,80 m. Para se entreter, cavava buracos no seu pequeno terreno. Um amigo meu que o viu disse-me que à volta da casota do Don havia uma vala circular (como se de um castelo se tratasse) da distância máxima que a sua corrente permitia.

Oh, mas ele era "bem tratado!". A mãe da família até chegou a queixar-se da maneira como algumas pessoas tratam os seus cães. Ela não consegue perceber como é que algumas pessoas podem ser tão cruéis. "Nós nunca deixámos que o Don passasse fome", disse a senhora orgulhosamente, e é verdade que ele não foi inteiramente negligenciado – era bem alimentado! E também é verdade que ele não era completamente ignorado – quando ele ladrava, havia sempre que gritava com ele.

Durante 14 anos, o Don viveu acorrentado à sua casota. Comeu todas as noites, mas ainda assim estava esfomeado – por atenção e afecto. Um dia finalmente conseguiu escapar da corrente, da casota e dos buracos, do seu pequeno mundo. Esse dia foi o dia da sua morte.

Infelizmente, o Don não é uma personagem fictícia, nem os seus donos o são. Ultimamente, os donos têm visitado o abrigo e estão a pensar arranjar outro cão. "Sentimos a falta do Don", lamentam eles.

Os cães são animais de matilha e, como tal, são animais sociáveis que precisam de interacção e exercício para serem saudáveis e felizes. Não basta alimentá-los todos os dias e providenciar-lhes um tecto para se abrigarem da chuva e do sol tórrido. Acorrentar um animal durante uma vida é atribuir-lhe uma sentença de prisão perpétua.

Quando presos por muito tempo, os cães começam a desenvolver problemas comportamentais e de saúde. O cão é como uma esponja que absorve experiências e quanto mais experiências tiver, mais interessado, alegre e esperto ele será.

Não é difícil respeitar e cuidar de um cão. Depende de si dar-lhe uma vida feliz ou condená-lo a uma vida insignificante.

www.muttscomics.com