Registo
Foto As bactérias que existem na boca dos cães

A língua do cão é benta e a do gato sebenta” ou “baba de cão come-se com pão; baba se gato não chegar ao prato” – isto não passam de mitos!

Além dos outros sentidos, o seu cão usa a boca para explorar o mundo. Ao contrário dos humanos, os cães não têm medo de utilizar os seus dentes e mandíbulas para abocanhar um animal morto e até fezes. Este comportamento contribui para que os cães desenvolvam um ambiente oral propício a uma grande variedade de bactérias e escusado será dizer que quando o seu cão lhe dá uma lambidela, ele poderá estar a dar-lhe mais do que carinho!

Placa bacteriana

Um estudo conduzido em 2012, no Japão, investigou as diferentes espécies de bactérias que existiam na boca dos cães e dos seus donos. Os resultados indicavam que bactérias como Porphyromonas gulae, Tannerella forsythia e Campylobacter rectus são encontradas mais frequentemente nos cães do que nos humanos. As bactérias Eikenella corrodens e Treponema denticola foram apenas identificadas em cães que tinham contacto próximo com humanos que possuíam as mesmas bactérias. Todas estas bactérias crescem nos tecidos periodontais sendo responsáveis pela placa bacteriana que se forma nos dentes dos cães. Se a placa não for removida podem-se vir a desenvolver doenças periondontais.

Flora oral

Além da flora periondontal, existem outras bactérias a viver na boca dos cães. Algumas destas incluem Klebsiella pneumonia, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Citrobacter freundii, Enterobacter cloacae, Acinetobacter calcoaceticus e várias espécies Pasteurella. Enquanto que na boca do cão estas não fazem com que fique doente, a entrada destas bactérias numa ferida aberta ou através de uma mordida pode originar uma infecção. Por isso mesmo, é importante que após uma cirurgia o seu cão não lamba as costuras, pois as bactérias podem entrar e surgir uma infecção.

Mordidas de cães

A raiva é um vírus que se espalha através da saliva mas apesar da sua perigosidade, não há motivos para alarme porque desde 1960 que se considera que não há raiva em animais autóctones em Portugal. Ainda assim, muitas das outras complicações originadas pelas mordidas de cães vêm da flora natural existente nas suas boca. A Pasteurelose é uma doença causada pela Pasteurella, uma bactéria existente na flora natural da boca do cão. A Capnocytophaga canimorsus causa uma infecção que leva à septicemia ou choque séptico. Outras infecções incluem estreptococias (infecção por estreptococos) ou estafilococias (infecção por estafilococos). Os sintomas típicos de uma mordida de cão incluem dor, vermelhidão e inchaço da pele à volta da área da mordida.

Enquanto que os beijos do seu cão podem ser uma maneira maravilhosa de ser recebido em casa, estes também podem representar um risco de saúde para si. Festinhas na cabeça e esfregadelas na barriga são formas mais seguras de mostrar aos seu cão o quanto o ama. Lave as suas mãos depois do seu cão o lamber, especialmente se tiver alguma ferida aberta ou arranhão.