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Foto Ponta Delgada: agente canino detecta droga e pólvora em bagagens

No aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, à medida que as malas começam a ser colocadas na passadeira, e sob orientação do Cabo Mateus, Elvis começa a farejar todas as malas enquanto vai sendo incentivado para fazer o seu trabalho. Vai andando na passadeira e vai cheirando mala por mala, mas quando alguma vai passando sem ser farejada o Cabo Mateus fá-lo descer da passadeira e voltar atrás para que nenhuma bagagem fique por inspeccionar. Depois de perto de duzentas bagagens inspeccionadas, desta vez nada foi detectado mas Elvis ainda não deu o seu trabalho por concluído...

Não é só nos EUA que os cães de detecção de explosivos e substâncias ilegais operam. No aeroporto de Ponta Delgada, o Labrador Retriever Elvis trabalha ao lado do Cabo Luís Mateus como qualquer militar. Está treinado para detectar o odor de heroína, cocaína, liamba, haxixe e ecstasy mas também o odor a pólvora. Para tal, precisa de muita preparação física que consegue através da prática de corrida e natação e assim “em vez de estar 20 minutos a trabalhar consegue estar 1 hora ou 1h30 a trabalhar sem quebrar o ritmo”.

É provável que a presença do binómio cinotécnico da GNR (militar com agente canino) não dê nas vistas dos populares pois trabalham do outro lado da sala de recolha de bagagem do aeroporto, onde as malas são carregadas nos tapetes.

Elvis ainda não tem dois anos. O Cabo Luís Mateus foi buscá-lo à Escola Prática da Guarda, em Queluz, depois de ter estado 13 anos a trabalhar com o Czar que entretanto teve de ser abatido por problemas de saúde.

“Entregaram-me aquele cãozinho, mais ou menos treinado, fizémos a formação de seis semanas e fiz o resto cá fora”, explica o Cabo Luís Mateus. “Cá fora” significa trabalhar no sentido de “tirar medos, familiarizar com barulhos, socializar com as pessoas, com todos os objectos, movimentos e barulhos e ele está a responder bem”, explica o militar.

É preciso que homem e cão se conheçam bem e se estabeleça uma relação de grande cumplicidade

Os cães como o Elvis têm treino diário até à “reforma” sendo confrontados com diferentes cheiros e situações quer dentro quer fora do aeroporto. Além disso, a preparação física é essencial para o trabalho de cães como o Elvis. “Tenho que tentar mantê-lo a trabalhar o máximo de tempo possível porque são cães que estão sempre a cheirar e ao fim de 20 minutos cansam-se”. Por isso, Elvis pratica corrida e natação para conseguir aumentar a sua resistência física e assim “em vez de estar 20 minutos a trabalhar consegue estar 1 hora ou 1h30 a trabalhar sem quebrar o ritmo”.

Mas para que isso aconteça, adianta Luís Mateus, é preciso que homem e cão se conheçam bem e se estabeleça uma relação de grande cumplicidade pois “tem de haver um elo de ligação mesmo muito forte, não é só gostar de cães, é preciso gostar, perceber e entender e ele é como um ser humano. Há dias em que trabalha bem e há dias em que não trabalha bem. Há dias em que temos vontade de ir trabalhar e há dias em que não temos, com eles é precisamente igual. É preciso perceber e entender muito bem o cão”.

Neste sentido, afiança que os militares dependem do cão “pelas características que têm, que é um nariz muito apurado para nos ajudar, neste caso no combate às drogas”, mas também os cães dependem muito dos militares pois “se eu for ríspido com ele, se o deixar num canto, se não lhe ligar nenhuma, ele fica no seu canto e quando precisar de ultrapassar um obstáculo ele não consegue”, destaca.

O brinquedo é fonte de toda a agitação e de motivação de Elvis para o trabalho

Durante a inspecção das malas o operador cinotécnico motiva o seu trabalho com incentivos e quando Elvis detecta uma mala com estupefacientes ou explosivos, é-lhe entregue um brinquedo.

O brinquedo é fonte de toda a agitação e de motivação de Elvis para o trabalho. É com essa dedicação ao trabalho e ao tratador que Elvis vai dando continuidade ao “bom trabalho” que a GNR tem vindo a fazer com o binómio cinotécnico em São Miguel actuando não só no aeroporto mas ajudando os restantes militares da Guarda a fazer operações de fiscalização.

Adaptado de: Carla Dias, Correio dos Açores