Registo
Foto Indústria das corridas de galgos continua a matar milhares de animais

A velocidade e a graciosidade do galgo inglês (Greyhound) são características que levaram estes cães a serem explorados para entretenimento humano desde o antigo Egipto. Os galgos foram usados durante muitos anos na caça e noutros eventos mas, com o advento das modernas corridas de cães na entrada no século XX, criadores e promotores dessa prática passaram a tratar os animais desta raça como uma simples mercadoria". Occupy for Animals.

A corrida de galgos é uma indústria competitiva e organizada, na qual os cães são forçados a correr numa pista. Os cães perseguem uma presa (tradicionalmente uma lebre ou coelho artificial) na pista até passarem a linha da meta. Tal como acontece com as corridas de cavalos, nas corridas de galgos também se fazem apostas por parte do público.

Nalguns países, a corrida é amadora e promovida para entretenimento, e em muitos outros, particularmente na Austrália, na Irlanda, em Macau, no México, em Espanha, no Reino Unido e nos Estados Unidos, ela é parte da indústria dos jogos de azar, tal como são as corridas de cavalos. As corridas de galgos tiveram grande sucesso logo após a Segunda Guerra Mundial quando chegou a atrair 34 milhões de espectadores pagantes (1946).

Indústria das corridas de galgos

Nessa indústria, a chave para o sucesso e lucro dos criadores e treinadores é terem cães velozes. Mas apenas poucos dos estimados 20 mil cachorros galgos que nascem todos os anos é que têm as capacidades atléticas e velocidade requeridas para se tornarem grandes campeões. Sendo criados com o único propósito de correr e vencer, muitos cães jovens e saudáveis são descartados e mortos.

Os cães que vão para as pistas enfrentam um duro programa de treino e, durante os treinos e as corridas, sofrem riscos significativos de lesões, como fracturas de pernas ou traumatismos cranianos. Alguns chegam a morrer de ataque cardíaco devido ao intenso desgaste físico. Os danos físicos são muitas vezes considerados “inviáveis financeiramente” para serem tratados e o treinador – que se diz “proprietário” – opta por matar o cão.

Quando não estão nas pistas, as suas vidas não são muito melhores – geralmente são mantidos em pequenas gaiolas pela maior parte do tempo, sendo somente soltos para treinar ou correr. Informações de grupos de resgate de galgos indicam que muitos animais resgatados estavam subnutridos, pois eram supostamente obrigados a seguir uma dieta muito restricta para se manterem com um peso leve, considerado ideal para as corridas. Numa investigação realizada na Austrália, foi comprovado que 80 % dos treinadores drogam seus cães com cocaína, viagra, entre outros químicos.

 

Histórias do passado

Em 2002 foi revelada uma história terrível da crueldade desta indústria: descobriram os restos mortais de cerca de 3 mil galgos de corrida da Flórida na propriedade de um ex-segurança de corridas do Alabama que "aposentava" galgos indesejados com um tiro de pistola calibre 22 há mais de 40 anos. O advogado de defesa disse: “Se há alguém a ser indiciado aqui, é a indústria, porque é isso que eles estão a fazer com estes animais. A miséria começa no dia em que eles nascem. A miséria termina quando eles não são mais necessários e meu cliente dispara uma bala na cabeça deles”.

Num caso semelhante no Reino Unido, uma investigação secreta pelo Sunday Times revelou que um empresário juntava os galgos saudáveis ​​que tinham sido julgados pelos seus treinadores muito lentos para correr, matava-os com uma pistola pneumática e enterrava-os num lote atrás da sua casa. O documento estima que o homem tenha morto mais de 10 mil cães em 15 anos (veja o vídeo aqui).

Estes massacres ilustram que os galgos são tratados como se fossem peças descartáveis. Eles são “produzidos” em quantidade, e a indústria mata regularmente os que são excedentes, inadequados, doentes, idosos, ou considerados muito lentos e não mais lucrativos.

Realidade presente

Milhares desses cães continuam a ser mortos todos os anos, mesmo com a indústria em declínio. Alguns cachorros são mortos em nome da “reprodução selectiva”. Os cães que são qualificados como atletas, vivem em jaulas e são mantidos amordaçados pelos seus treinadores. Muitos exibem feridas e sofrem infestações de parasitas internos e externos. Apesar das camadas finas de pele e falta de gordura corporal fazerem com que sejam extremamente sensíveis à temperatura, os galgos são forçados a competir em condições extremas, variando entre temperaturas abaixo de zero bem como com um de calor sufocante.

Na pista VictoryLand no Alabama, as autoridades suspeitam que o mau funcionamento do sistema de aquecimento de um canil tenha causado a morte lenta de 23 cães. Pelo menos, 37 cães confinados no Ebro Greyhound Park na Flórida morreram de fome e desidratação nas mãos do treinador, que é acusado de grave crueldade aos animais. Outros sofrem e morrem nas pistas. Ao longo de um período de seis anos, mais de 800 galgos ficaram feridos durante a corrida em pistas de Massachusetts, até que o Estado decidiu proibir as corridas de cães. Em duas pistas do Texas, mais de 340 galgos ficaram feridos e 20 mortes foram registadas, em 2008.

O transporte é mais um dos motivos pelos quais os galgos morrem. Na indústria, é uma prática comum carregar 60 cães num camião, com um ou dois por gaiola, com a colocação de gelo no chão dos camiões para prover o arrefecimento excessivo. As áreas de carga dos camiões atingem temperaturas que passam os 40 ºC – condições mortais para os cães.

Em Portugal

As competições profissionais de galgos não se realizam propriamente para dar prazer ao cão e muito menos para o tornar feliz. Em certos países, como no Reino Unido, alguns donos juntam-se com os respectivos galgos ao fim de semana e promovem corridas desportivas pelo simples prazer do convívio e do desporto. Donos e cães divertem-se desinteressada e saudavelmente, não procurando outro objectivo que não seja a vertente lúdica.

Estas actividades todavia são muito raras. Em Portugal, esta forma de convívio não é usual e seria muito difícil pô-la em prática pelo simples facto de haver relativamente poucos galgos. Apesar disso, realizam-se provas para o campeonato nacional de corridas de galgos.

Dado o lamentável, vergonhoso e cruel processo de selecção, manutenção, treino e destino dos galgos usados na competição profissional, será preferível, antes, abominar as corridas de galgos feitas em circunstâncias absolutamente indignas e com o exclusivo fito do lucro.

Fonte: Anda, Os nossos whippets