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Foto Como avaliar se um cão é agressivo?

No final da rua está um Rottweiler, um Chihuahua e um Bouvier Bernois. Qual deles é mais provável que lhe morda?

De acordo com um estudo da Universidade de Bristol (Reino Unido) recentemente publicado na revista Applied Animal Behaviour Science, a raça do cão é apenas um dos muitos factores que influencia a tendência para o ataque, não sendo de todo o mais relevante.

Neste estudo 4000 donos de cães foram questionados acerca da agressão que os seus cães exibiam perante pessoas. Como já se esperava, os resultados indicaram que os cães exibiam maior agressividade em relação a pessoas estranhas do que a pessoas familiares.

Quase 7 % dos donos disseram que os seus cães ladravam, rosnavam ou até mordiam pessoas estranhas que entrassem nas suas casas. Outros 5 % indicavam que os seus cães exibiam os mesmos sintomas quando conheciam pessoas durante os passeios. Por outro lado, 3 % dos donos reportaram agressão dos seus cães em relação a pessoas familiares.

Curiosamente, a maioria dos cães exibia agressividade apenas em uma destas três situações. Isto indica que a tendência em categorizar os cães como geralmente “bonzinhos” ou “maus” é um equívoco e a maioria dos cães demonstra agressão como resposta a situações em particular.

A Drª Rachel Casey, uma das responsáveis pelo estudo, diz que “os donos de cães e o público em geral precisam de estar conscientes de que qualquer cão pode ser potencialmente agressivo caso esteja com medo ou ansioso, mesmo que nunca o tenha sido”.

“Por outro lado, cães que mostraram sinais de agressividade numa situação podem não ser necessariamente agressivos noutros contextos – uma consideração algo importante quando se avaliam os animais para adopção”.

O estudo também comparou as características de cães que mostraram agressividade com cães que nunca o haviam feito. Os resultados revelaram que factores como sociabilização dos cachorros, tipo de método de treino, o sexo do animal, o facto de estar esterilizado ou não, a idade dos donos e, por fim, a raça do cão estão associados à ocorrência da agressão.

  • Cães com donos com menos de 25 anos tinham o dobro da tendência de serem agressivos relativamente a donos com mais de 40 anos.
  • Cães esterilizados tinham o dobro da probabilidade de serem agressivos do que cadelas esterilizadas. No entanto, não se verificou diferença significativa entre machos esterilizados e não esterilizados.
  • Cães que tiveram uma sociabilização adequada enquanto cachorros tinham menos 1,5 de probabilidade de serem agressivos com estranhos.
  • Cães treinados usando métodos punitivos tinham duas vezes mais tendência para serem agressivos com estranhos e três vezes mais tendência para serem agressivos com membros familiares.

Dependendo da situação, diferentes factores de risco definem o desenvolvimento de comportamentos agressivos. Ou seja, um Cocker de um senhor de 50 anos que foi sociabilizado com diferentes cães e pessoas desde que é cachorro pode nunca ter exibido sinais de agressão, mas se tiver medo de bicicletas (por algum motivo) poderá mostrar sinais de agressividade se alguma lhe passar por perto.

Os investigadores também realçaram que apesar das características gerais, como o tipo de raça, são factores de risco significativos dentro de grandes populações, estas só permitem explicar uma pequena percentagem das diferenças totais entre cães agressivos e não agressivos. Isto sugere que não é aconselhável avaliar o risco de agressão de um indivíduo utilizando características como o tipo de raça. Por isso, pense se será justo responder imediatamente Rottweiler.