Registo
Foto Cocó canino, não fuja mais dele!

A seguir ao nome do cão, “cocó” talvez seja a palavra que mais dizemos ao longo da vida do nosso amigo de quatro patas. É inevitável: ele tem que o fazer e nós temos que o apanhar! Está longe de ser a actividade mais divertida, mas não pode, nem deve, ser ignorada. Para além de nos livrarmos do inconveniente que é pisar o cocó de cão na rua, existem muito mais razões pelas quais o devemos apanhar e até várias formas de o fazer.

Problema: Risco sanitário

Todos os animais possuem bactérias que trabalham em simbiose com o organismo para o manter saudável. No entanto, há mais bactérias a viver nos intestinos dos cães que nos humanos. Muitas das bactérias que vivem na flora intestinal dos nossos cães representam um perigo para a nossa saúde (por exemplo: toxocara, salmonela, parvovirus, etc). Para além disso, os cães estão muito mais propensos a conterem parasitas (ténias, lombrigas, etc), o que não é de estranhar já que a sua forma de conhecer novos amigos da vizinhança é inspeccionar os seus excrementos ou cheirar directamente o seu rabinho.

Um grama de fezes caninas contém 23 milhões de bactérias coliformes fecais (van der Wel, 1995), quase o dobro das existentes nas fezes humanas. E considerando que, em média, um cão excreta 340 gramas por dia, então isto significa que liberta 7,82 biliões de bactérias coliformes fecais por dia!” Clear choices clean water

A desparasitação é essencial para combater os parasitas que o seu cão apanha, no entanto, isto não garante que as bactérias presentes na flora intestinal do seu cão sejam destruídas. Aliás, nem é esse o objectivo.

Pode-se dizer que as fezes caninas são um bolo muito mais rico em bactérias e parasitas que as fezes dos humanos e, como tal, não devem ser descartadas de maneira descuidada – afinal de contas não é somente por timidez que o Homem faz as suas necessidades para a sanita, mas sim para manter as condições higio-sanitárias da comunidade.

Espaços mais limpos são mais seguros para si e para o seu cão

Sabe quando o seu cão está tão feliz que se esfrega na relva? Pois é, nesse contacto pode haver milhares de parasitas que se infiltram na sua pelagem. 

Os meios e os fins

Existem vários produtos no mercado para nos ajudar a vermo-nos livres das fezes do nosso cão. Cabe a si, enquanto dono, decidir que meio usar e para onde as enviar.

Destino final: Aterro sanitário ou Incineradora

O método mais recorrente e até incentivado pelas câmaras municipais é utilizar um saco de plástico para fazer a recolha. Neste caso, ao colocarmos as fezes no saco e descartamos posteriormente no lixo não diferenciado, estamos a enviá-lo para um aterro sanitário, onde se irá acumular durante anos, ou então para uma incineradora, onde será queimado.

Plástico biodegradável
Plástico que pode ser degradado por micro-organismos (bactérias ou fungos) na água, dióxido de carbono (CO2) e algum material biológico, requerendo condições específicas para se poder degradar correctamente (temperatura e humidade). Não é necessariamente produzido por material biológico. (futureenergy)

Em ambas as hipóteses, a degradação do plástico está associada à libertação de gases com efeito de estufa, o que constitui um perigo ambiental. Face a este problema surgiram no mercado sacos de plástico biodegradáveis exclusivos para as fezes caninas que, no entanto, não apresentam a melhor solução. Hoje em dia, já existem outras alternativas melhores ao plástico que permitem manter a praticabilidade da recolha e diminuem as emissões tóxicas da produção e eliminação. Algumas alternativas são:

  • Sacos de papel – existem no mercado diferentes tipo de sacos de papel especificamente para apanhar os cocós do seu cão. Não os confunda com os típicos sacos de papel de loja, estes sacos são, na sua maioria, totalmente impermeáveis. Há desde sacos compostos por cartão para facilitar a recolha até sacos com cheiro a lavanda.

Pode adquirir os Earth Rated PoopBags neste link.

  • Sacos compostos por biopolímeros produzidos a partir de tapioca, batata, trigo, etc. O processo de produção destes sacos tem emissões de carbono muito baixas e podem ser utilizados também em compostagem.

Cima esquerda: Doggie Waste Bags (EUA). Cima direita: BioBag (Noruega). Baixo: Earth Rated PoopBags (Canadá).

Destino final: Adubo para jardim

Não, o cocó de cão não é um bom fertilizante e, por isso, nem pense em utilizar esta desculpa para deixar de apanhar os cocós do seu cão. Os cães têm uma dieta muita rica em proteína que cria excrementos muito ácidos. Ainda assim, é possível transformar as fezes do seu cão em adubo para as suas flores, através de compostagem.

A compostagem das fezes tem que ser feita separadamente da restante compostagem orgânica (restos de comida). Ao contrário do adubo resultante na compostagem orgânica, o elevado teor de organismos patogénicos para o homem, faz com que o uso do adubo não seja aconselhável em hortas para consumo humano (Juliano Kessler).

Talvez possa não ser o método mais conveniente para quem vive em apartamento, mas é certamente interessante fazer o próprio processo de reciclagem. Se se quer aventurar, tenha atenção às crianças pois estas podem ir mexer no composteiro e depois levar as mãos à boca.

Destino final: Esgoto

Nós, humanos, usamos a sanita todos os dias. Então porque é que não descartamos as fezes dos nossos animais também por esta via? Talvez não a consideremos como alternativa viável porque não há sanitas na rua. Por outro lado, retirar do saco as fezes do seu cão representa um passo extra. Ainda assim, a EPA indica que o melhor método de descartar o cocó do seu cão é mesmo “sanita abaixo”.

Sabendo disto, já há empresas que comercializam sacos hidrossolúveis de modo a que as fezes caninas possam ser tratadas no sistema de esgoto municipal. Apesar de as fezes possuírem uma percentagem de água, não se preocupe pois o saco tem um ponto de solubilidade que evita que a dissolução em contacto unicamente com as fezes.

Cima: Flush Doggy (EUA). Baixo: Flush Puppies (EUA).